sábado, 6 de dezembro de 2014

Céu, eu

Por que será que eu amo tanto o céu ? 
Sempre quero estar dentro dele no meio da nuvens, testando se elas não são mesmo de algodão. Voar como os pássaros e dançar entre cada raio de sol.
Por que será que eu amo o pôr-do-sol? 
De fato aquela combinação de laranja, vermelho, amarelo e azul me atraem muito. Não tem nada mais leve do que sentir os últimos raios solares de um dia cansativo. Renova.
Tenho tanta afinidade com o céu que meu humor às vezes varia com ele. Se está nublado, eu fico nublada. Se está limpo e bonito, eu fico calma e tenho um dia leve. Se está marcando chuva, eu fico igual tempestade.
Mas o melhor é aquele dia que as nuvens ficam definidas, com formas de bichos que só eu consigo ver. Sou capaz de passar horas deitada no chão brincando com as nuvens, mesmo que elas estejam lá longe. A graça é essa. 
Se tivesse perto não me atrairia. O que me faz querer ser o céu são os mistérios escondidos nele.

Carolina Gomes

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Nódoa.

Você veio e me manchou. Mas não tem problema. Todo mundo tem aquela receita de tirar manchas infalível que a tatarataravó descobriu e passou adiante, não é? Quem sabe não esteja na hora de eu usar a minha? Foi todo um aparato pra estar contigo. De maquiagem a molduras no coração. Foram sinuosas mudanças, que languidas, te trouxeram até mim. Mas vai entender essa minha cabeça... Esse meu coração... Abri meus olhos e notei com atenção. Seriam essas manchas vermelhas, o que restou da paixão? 

Não adiantou luva, sabão de coco, esfregão. E como quem não quer nada, resolvi usar a receita da vovó. Derramei sem dó, e desatei nosso nó. 

Te mandei partir quando eu menos achei que iria. Mas no fundo, o meu coração meio que sorria. Parecia ter tirado um peso das costas. Como se na caverna em que eu estava, se acendessem tochas. 

Era estranho te deixar e dizer que aquilo tinha me feito flutuar, e que se eu deixasse, o vento podia até me levar. Eu, que sempre amarrei meus burros em você, hoje fico à mercê, de perceber que ir embora nem sempre significa sofrer. 

Retirei às pressas as nódoas suas. Me despi de toda sua carga e me vi nua. Pronta pra vestir o que quer que meu coração quisesse, já não preciso de missa, oração nem prece. 

Hoje meu coração sorri, pelas manchas que deixei ir, com a receita da vovó, que te fez reduzir à pó.

Júlia Fagundes 

domingo, 16 de novembro de 2014

Doce menininha

"Tia, adoro o carinho que você faz na gente!" - Maria Júlia, 5 anos. Definitivamente, foi a melhor coisa que ouvi no meu dia. Uma criança tão doce, tão sapeca, que em tão pouco tempo me ensinou tanto. Me ensinou a ter paciência e saber ceder quando preciso. E que às vezes somos crianças, mas sabemos a hora de sermos adultos. 
"- Maria Júlia, ajuda a tia? Fica quietinha na aula! Você é muito sapeca." Foi o que falei no final de uma aula, num dia desses ai. E pra minha surpresa, a resposta: "- Mas tia, EU GOSTO DE SER SAPECA." Me deu um beijo e foi brincar. Fiquei rindo com a mãe dela. 
Pensando em como aquela menininha sabia das coisas mesmo sem saber. 
Se levarmos tudo a sério não vivemos. As vezes precisamos quebrar um protocolo ou outro pra fazer o certo, dar risada e se sentir mais leve. 
Nas últimas aulas ela tem reclamado de sono, pois está ensaiando para as apresentações de final de ano. Vira e mexe ela pede pra ficar no meu lado e quando eu vou ver ela está deitada dormindo. E assim minhas aulas ficam calmas.
Criança cansa, igual adulto. Mas quando elas voltam... Segura o mundo pra ele não cair.

Carolina Gomes

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Adnet trai Calabresa!!!

Isso não é mais uma manchete com fotos e dedos apontados. Isso é uma mão tirando a arma que está apontada pra vida alheia. A gente costuma julgar muito aquilo que nunca passou. Eu sempre fui a primeira a chamar de otárias aquelas mulheres que perdoavam traições. Cheguei a dizer isso pra uma amiga que havia perdoado seu namorado, e ouvi dela "Um dia você vai entender que quando a gente gosta da pessoa, não existe nada que fique no caminho." Achei bonito, mas uma verdade pouco plausível. Hoje, depois de um bom tempo que isso se passou, eu fui pedir desculpas a ela por ter achado aquilo tão absurdo. Eu nunca fui traída. Não no sentido que isso tem pra um casal. Mas eu já me senti traída. Sem beijos em outra, sem abraços naquela menina que eu não gosto. Nunca me aconteceu assim. Mas as pessoas erram com a gente de mil maneiras diferentes. E há milhares de formas de traição. O dia que eu notei que a minha então colega estava correta, me caiu a ficha. Estamos todos apontando os dedos à Daniela.
Mas primeiramente que não cabe a nós julgar o que ela faz da vida dela, até por que ninguém sabe direito o que se passa quando estão longe das câmeras. Segundo, o fato de as pessoas acharem um absurdo ela ter aparentemente perdoado, me deixa com pena. Mas não pena dela. Ela foi extremamente forte e correta. (lembrando que não estou usando minha opinião como verdade absoluta, são apenas opiniões.) Ela me mostrou o que eu já havia descoberto de experiências passadas. Ninguém é perfeito. E quando a gente erra, a gente quer perdão, suplica insanamente, de joelhos. E quer que o outro entenda. Mas se é o oposto, crucificamos e jogamos pedras naquele que cometeu um erro. Mas de novo digo, errados somos nós, aqui julgando! Todo mundo merece uma segunda chance. E até onde se aguenta pelo coração, vale a pena lutar. Quando a gente sente que gosta, que quer estar perto independente de tudo, não há nada que entre no caminho. 

Isso não é uma opinião sobre traição. Até por que ninguém no mundo vai me convencer de que é o certo. (Mas existem relacionamentos e relacionamentos.) Isso é minha opinião sobre o perdão. Isso não é um grito para que as mulheres escancarem seus relacionamentos e façam deles uma relação de liberdade total, mas um grito para que enxerguem que quando há sentimento, a gente pula qualquer pedra. 

Não sei o que será da calabresa e do adnet, mas se isso em nada muda minha vida, também não quero saber. É como disse ela no cqc, "pronto perfeitinhas e santos canonizados, já podem largar as pedras"

Júlia Fagundes 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Tempo novo

Me pego deitada sozinha no meu quarto. TV desligada apenas o barulho do ventilador girando. Uma música que muito gosto começa a tocar bem baixinho, como se fosse uma novela, uma verdadeira trilha sonora. Não sei dá onde veio e nem quem ligou. Deve ser o rádio que deixei ligado mais cedo sem sinal.
Minha cabeça começa a trabalhar e meus pensamentos tem vontade de pular pra fora. E ao invés que gritar uma lágrima escorre pelo meu olho esquerdo. 
Penso que não tenho mais o que fazer a não ser abandonar tudo, desistir e jogar tudo pro alto igual confete. A exaustão é tanta que nem que pra dormir eu tenho energia.
De novo a dúvida e angústia chegam e me tiram do meu estado de equilíbrio. Não só a dúvida do que fazer, mas também se vou conseguir fazer. 
Pode ser que tenha volta. Tem certos obstáculos que a vida nos apresenta que eram pra ser como cones, mas nós insistimos em construir um muro sobre eles. Até que a bomba estoure esse muro, eu vou escalando-o e espero que lá em cima eu encontre um pôr-do-sol marcando o início de um tempo novo. Carolina Gomes

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Escuta(r)

Escritora, doida atrás de uma história nova pra contar e refletir, tive que começar aprender a ouvir, e ouvir muito!
Rubem Alves dizia que nunca viu um curso de escutatória, só de oratória. Nem eu, então criei um. 
No meu curso de escutatória sou aluna e professora e ele não tem prazo para acabar. É um dos cursos mais difíceis que já fiz e com provas de resistência dificílimas. Resistência a ficar quieta quando devo e apenas escutar, aprender a hora de falar e o que falar.
Escutar é mais importante que falar, faz pensar, e pra colocar pra fora temos várias maneiras. Seja com a voz ou com as palavras.
Muitas vezes não conseguimos ouvir quem está mais próximo de nós: o coração. Nem o cérebro, a consciência... E erramos. Erramos feio, por não ter paciência pra ouvir o que outro tem a dizer. 
Na vida, aprendemos a andar, a falar, a escrever.. Menos a escutar. Isso quase ninguém pode nos ensinar. Depende de nós mesmos. É um exercício diário, quase uma respiração. 
Depois de escutar, o próximo passo é filtrar. Tirar todas as impurezas para que somente aquilo que é bom e necessário entre, e o que ficou preso na peneira deixe ali por um tempo, pode ser que você precise deles em outro momento.
Por isso, comece a ouvir agora e quando estiver sozinho escute você mesmo, pois é a este quem confiamos todos os nossos segredos.

Carolina Gomes

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Constituição moral.

O mundo está cheio de juízes, batendo martelinho pras pessoas em volta. "Aquela ali é puta, pegou 3 só esse mês." "Ah, mas se o homem pega 3, ele é garanhão!" "Que feio, ela sendo santinha!" A verdade é: feio mesmo somos nós, aqui julgando. Quem é que deu autoridade à essas pessoas de dizer quem está certo e quem está errado? A vida alheia não diz respeito à nós! 

Já diziam "você tem que ser no mínimo deus pra me julgar". E é mais ou menos isso. 

Ninguém tem obrigação de ter pessoas que não gosta por perto. Claro que algumas circunstâncias envolvem convivência, mas fora de âmbitos de trabalho e estudo, quem escolhe somos nós. Ao invés de julgar, por que não manter aquelas pessoas que vivem fora de sua visão de mundo longe? É tão mais simples... Não existe certo ou errado, não existe um código de ética da festa, como se portar na vida. Na constituição não consta com quantos caras você deve ficar. Não existe certo e errado quando se trata de viver. Existe como você vive e como os outros vivem. E cabe a você viver a sua vida, e parar de querer cuidar da alheia. Afaste aqueles que não condizem com sua realidade e deixe que vivam como quiserem, quem arca com consequências são eles, não você. Não te importa de nada. Não faz a mínima diferença na sua vida. E gente que não soma, eventualmente deveria sumir.

Júlia Fagundes 

domingo, 2 de novembro de 2014

Tempestade 2

E do nada o tempo fecha 
Fica tudo escuro
As nuvens cobrem o céu 
Meu rosto
E meu coração

Meu estômago embrulha
Acho que vou vomitar
Quero botar tudo pra fora
Mas não pode ser em qualquer lugar
Em qualquer ombro

Escolho um papel
Uso a caneta
E depois a cabeça 

O dia amanhece
Claro, céu limpo
Os pássaros voam 
E cantam

Meu sorriso brilha
Junto de meus olhos
Até que uma pequena nuvem (re)surge
E eu desligo o modo "repeat".

Carolina Gomes

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Minha nada mole vida.

Vivia a trancos e barrancos a bendita Severina. Vamos acordar cedo, que hoje é dia de branco. Qual o sentido dessa frase? No mínimo é um pouco racista. Vamos acordar cedo, que hoje é dia de gente! São 2 ônibus de ida e dois de volta até a casa da patroa. Alguns achariam chato, cansativo. Severina acha divertido. Senta-se na cadeira em que mais acontece rotação das pessoas que ali estão, só pra bater papo com gente diferente. Ouvir histórias de ônibus. Não passava em nenhuma paisagem bela. Alguns achariam aquilo um saco, chorariam por não estar a avistar o mar de Copacabana, tão lindo. Severina olha em volta e quando vê alguma cena, imagina histórias, contos, livros, novelas. 

Quando chega no serviço, a patroa ainda dorme, e ela prepara um café da manhã gostoso, por que o café é a refeição mais importante do dia. Só não sabia que a patroa deixou de presente uma barata encurralada na dispensa. Alguns sairiam correndo e chorariam de pavor. Severina mete spray inseticida na barata e morre de rir quando ela se contorce no chão. 

Alguns minutos depois, a patroa acorda, com um sorriso, "bom dia Severina, que café com cara de gostoso!" E Severina abre a cara pra sorrir, feliz pelo reconhecimento de ter feito um simples café. 

A patroa saca um iPhone do bolso e começa a mexer freneticamente. Severina assusta e diz "sempre quis ter uns negócios desses ai, sabia? Mas o dinheiro nunca deu pra nem chegar perto. To com um pai de santo ali que só recebe." Alguns se abateriam diante desse fato e chorariam por não usar o instagram e seguir os famosos na rede. Severina gargalha e diz "mas ainda bem né? Dizem que isso ai é o mal do século, as pessoas nem conversam mais cara a cara. Prefiro bater papo com o porteiro." 

Quando a patroa sai pra trabalhar, Severina vai fazer o almoço. As batatas estavam ruins, e ela desce no supermercado pra comprar novas. Ela sabe que aquele lugar só é frequentado por gente rica, devido à região em que se encontrava. E todo mundo a olhava de rabo de olho. O que essa empregada está fazendo aqui? Acontece que Severina impina o nariz e segue pra fazer as compras. Na hora de pagar, uma mulher a encara tanto que ela diz "que foi moça, ta admirando minha pele negra que é menos provável de ter ruga? Fica assim não, a senhora tem dinheiro pra aquele negocio, como o nome? Botox" e sai rindo. 

Ao passar em frente de uma farmácia no caminho, ela ouve uma adolescente dizer "por que minha vida é tão ruim? Por que tudo dá errado?" E resolve parar. Olha pra menina, que chora em desespero e diz "Ô minha filha, a vida é todinha todinha um teste. Eu não sei o que aconteceu, e sei que seus problemas são diferentes dos meus, mas ainda assim te fazem mal do mesmo jeito. Mas eu aprendi que quando a gente dá uma risada boa pra vida, ela devolve em forma de coisa boa... Se a gente enxergar o mundo com olhos de positividade, as coisas ficam bem mais fáceis... Então não fica assim não... A sua vida não é ruim... Você ta só passando por um problema, e ele logo se resolve se você deixar ele tão pequenininho na sua mente que seu pé pode esmagar ele!" Deu um abraço na menina e saiu andando.. Severina gostava de fazer o bem. 

Fez o almoço, limpou a casa da patroa e pegou suas duas conduções de volta pra sua humilde residência. Severina vive uma nada mole vida, mas sorri sempre que algo a entristece, e a atmosfera parece ficar leve.

Júlia Fagundes 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Sombrinha fechada em dia de chuva.

Não é preciso que nos entendam, ou apoiem, até por que não irão. Não preciso que nos achem o casal mais bonito do mundo e façam sons melódicos com ar de fofura a cada olhar apaixonado que te dou... Até por que quem acha lindo sou eu, e isso basta. Não preciso da aprovação alheia, preciso da conformação de todo o resto do mundo. Aprendam a lidar com os fatos. Não espero um vai fundo de ninguém. Espero um do meu coração. Eu ele já deu o dele. Não espero compreensão das pessoas sobre o que fomos, o que somos, ou o que seremos. Simplesmente ser já basta. 

E com você eu sou até não poder mais. Sou hoje, amanhã depois. Me apaixono agora, daqui a pouco, sempre, a toda hora. É poético, é bonito, mas muito mais que isso: é real. Somos nós. Nós no presente, passado, futuro... Aliás, muito mais que nós, nos tornamos laços bem atados, belíssimamente enlaçados. 

Eu só fui aprender que não adiantava te renegar, tentar esconder essa minha paixão, meu impulso por você, depois de muito tempo tentando te expulsar de mim a todo jeito. Mas vi que era impossível. Era como fazer força mental pro meu braço sofrer uma tremenda apoptose, necrosar e cair. Você já era parte de mim sem eu nem perceber. E agora, que já tenho noção de tal fato, posso dizer que sou feliz de imediato. Já não abro a sombrinha pra chuva, resolvi dançar alegremente sob cada pingo, ao som da melodia do nosso amor, que se tornou a verdade sobre o que sinto. 

Júlia Fagundes 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Gratidão

Me perguntaram porque gosto tanto da palavra "GRATIDÃO", eu não gosto só da palavra, gosto do sentimento também. 
Então, ela tem 8 letras, 3 sílabas, 1 ditongo que pesam e pesam muito. Ela tem um significado próprio em cada coração. Grita por si só e seu exagero não  faz mal. É mais que um simples "obrigado". 
Quando a gratidão brota por mais que se corte suas folhas as raízes   continuam ali, prontas pra crescerem de novo.

É muito simples, gratidão é um sentimento que chega até nós. Geralmente no final de um ciclo. E mais, a gratidão vem depois que já sentimos varias outras coisas. Gratidão eu gosto que saia e chegue em mim.
Uma coisa a vida me ensinou, não  adianta ser grato e não falar que é. Quando alguém me diz "Obrigada!" me faz sentir útil . Me faz pensar que pude fazer alguma que fez bem para alguém.
Não êxito em agradecer as pessoas e fazer o possível para mostrar que o "obrigada" é verdadeiro. 
Enfim, gratidão é muito mais do que está escrito no dicionário.

Carolina Gomes

domingo, 19 de outubro de 2014

Há tempos.

Há tempos venho reconsiderando que personagens manter na novela da minha vida. Chega um momento que você dá um basta em viver com personagens coadjuvantes que só pesam no elenco, servem pra encher linguiça entre uma cena e outra, mas não fazem a mínima diferença no roteiro desse filme. E ainda cobram salário, ou seja, pesam ainda mais. 

Há tempos venho selecionando melhor com quem vale a pena discutir a relação. E com quem faz por onde, debato até que tudo se arrume. Mas pra alguns já não tenho paciência. Então se não gosta de mim, me descurte quieta, e não discute.

Há tempos venho escrevendo sobre o funil da vida. Acho que estou crescendo, e por isso estou percebendo que as pessoas vão embora mesmo. Mas pior ainda é perceber que quando elas vão, já não fazem mais tanta falta. Que bom, imagina se fossem quando faziam! 

Há tempos venho eliminando qualquer bagagem extra, e deixando minhas mãos livres pra tirar o cabelo do rosto nessa caminhada, ao invés de as ocupar com verdadeiras malas. 

Há tempos que já não me estresso com gente que não me acrescenta. Descobri que se você não me somar, vai ter que sumir. 

Há tempos que a correria da vida me impôs a condição da falta de paciência, o que me leva a cortar tudo que pode me tirá-la facilmente do dia a dia. 

Há tempos que a vida já não é a mesma, mas posso dizer que há tempos que a vida é melhor. Eu já quis um dia ter nascido sabendo tudo, mas acho que aprender com cada passo é bem mais divertido. 

Há tempos que percebo que há pessoas que as vezes me soavam melhores ou piores do que outras, mas que hoje vejo que apenas divergem de minha visão do mundo. E se assim o fazem, e não conseguem lidar com tal fato, convivendo em paz, que se afastem. 

Há tempos que as coisas já não me doem como antes, que evito dramas meus. 

Há tempos que ando aprendendo, caminhando. As bolhas nos pés existem, mas meus pés cansados insistem. Vou caminhar até a exaustão. E o dia que eu cansar, hoje sei exatamente quem vai me carregar.

Júlia Fagundes 

sábado, 18 de outubro de 2014

Fila

Nada está tão ruim que não possa piorar. E tudo piora quando me aparece uma fila enorme. Odeio fila. De dez em dez centímetros me aproximo do guichê. Um passo a cada 10 minutos. Um terror.

Sempre tem um que não sabe a diferença entre criança DE colo e criança NO colo. E ainda sai pensando: otários! E quando se está sozinha na fila, olhando pro teto, esperando andar e chega um e pergunta: "Tá na fila ?" Ou então quando você está com sua mãe e passa aquele parente que você nunca viu na vida e fica lembrando das histórias de infância e quando do nada no meio da conversa, sua mãe começa a perguntar pelos parentes com nomes estranhos. Betéia. Meméia. Crisó. 

Ou quando é alguém do serviço dela, a fila anda, você paga e eles ainda estão conversando. E o século passa e você ainda está esperando. 

Mas o pior é quando a fila é do supermercado. Sua mãe diz: "Fica ai, vou ali pegar um NEGÓCIO". Esses são os piores minutos de todos. Você vê sua vez chegar e nada da sua mãe voltar. E nada. Nada. Nada. Parece que o coração vai sair pela boca. Ai você vira aquele que fica no início da fila passando a vez com toda vergonha do mundo..Até que sua mãe volta.

Ah! Também tem aquele carinha invisível, que pede pra alguém marcar o lugar quando vai pegar alguma coisa que havia esquecido. E aquele que faz questão de mostrar que tá ali, o barraqueiro. Babado, Confusão e Gritaria..

Tem os que são prioridade. Os que gostam de ser, os que não gostam. Os que são mas não querem ser e os que não são mas querem ser. 

Os que se acham espertos demais pra entrar na fila. Os que passam de 10 volumes e os que não lembram a senha do cartão. Os que querem cancelar algum item e tem que esperar a gerente que anda de patins, que mais parecem carrinhos fricção de tão lentos.

Fila boa é aquela que tem assunto. Seja com a gente mesmo ou com o carinha do lado. E quando a gente espanta....minha vez, ufa! Quase lá! Só falta passar as compras, por fim a mulher do caixa pergunta: "Tem 50 centavos?"

Carolina Gomes

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Sem querer.

Outro dia estive na estrada. 
E achei lindo ver as árvores passando, 
cinco à seco me ninando nos fones de ouvido 
e aos poucos minha cabeça pendendo pro lado, 
e eu já não respondia por mim, 
inconsciente. 

Achei lindo pelo simples fato 
de enxergar como algumas coisas 
não estão ao nosso controle ou alcance. 

Peguei no sono sem ver. 
E reparei que mesmo que a gente não queira, 
não tenha intenção, 
algumas coisas acontecem... 

Acordei já no meu destino, 
sem saber o que tinha acontecido, 
e reparando pelo vidro do carro molhado 
que tinha chovido bastante. 

Mas eu dormi sem querer,
e caramba, 
por que tanta coisa acontece sem querer?? 

Eu já quebrei um copo sem querer, 
já esbarrei em alguém sem querer, 
e hoje sou sua sem querer.

Júlia Fagundes 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Cartas

Sim, eu envio e-mails. Mas sou a favor das cartas. Os e-mails chegam na hora e em segundos pode-se trocar milhões de e-mails. Com as cartas, não. Temos o suspense e o nervosismo de saber o que está escrito. De ver a letra da pessoa e quem sabe sentir o cheiro dela.

Nas cartas fazemos com que a distancia se torne menor, pois elas trazem um pedacinho das pessoas.

Se um dia estivermos sem internet não vamos ter acesso aos emails. Já as cartas podemos guardá-las em uma caixa e reler sempre que for preciso

Então, por um mundo onde as pessoas enviem mais cartas. Que as aguarde ansiosamente. E as guarde pra com muito carinho, em uma caixa no fundo do armário, pra sempre.
 
Carolina Gomes

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aluno

Ouvi outro dia que aluno significa ser sem luz... Na época foi um professor amigo da turma brincando, e era apenas início de ano letivo, foi tudo tão engraçado... Hoje, faltando menos de um mês pra tudo acabar, eu olho pra tudo, e percebo: caramba, eu perdi minha luz! Que cansaço, que exaustão... Cansa mesmo, massacra... E quanto mais você estuda, mais parece que não estudou... 

"Mas que ser ingrato, não presta atenção no professor"... A esse ponto do campeonato, o cansaço é tanto que se o professor não for artista, engraçado, ou simplesmente muito bom no que faz, sua cabeça está em estado vegetativo enquanto ele fala e você até ouve, mas não escuta... E as vezes até os muito bons não conseguem sua atenção, tamanho cansaço! 

Os dias parecem cada vez mais longos, e quanto mais você o vive, mais quer que ele chegue ao fim... Simplesmente por que deseja insanamente dormir! 

O sono te ataca, e o dia que não tem aula na escola, é felicidade total! Por que não aguenta mais ir pra la? Em parte sim, mas em parte por que agora sim você pode estudar! Usar a manhã pra estudar em casa se torna uma delicia, e passando ou não na faculdade, você almeja que esse ano acabe pra usar suas manhãs de forma melhor...

No começo do ano seu plano de estudo estava lindo... Da cabeça aos pés ele era seguido... Hoje, o desespero já bate e você sai estudando tudo que percebe que não sabe. E a essa altura você começa a achar que o que você não sabe se resume a: tudo! 

Professor Jubilut se torna seu melhor amigo, óbvio, depois do travesseiro que te grita o dia inteiro! 

No começo do ano você era seletivo. Queria passar pra aquela faculdade perto de casa, questão de custo-beneficio... Hoje, qualquer lugar que você conseguir passar já está dando graças a Deus!! 

Você começa a ver matéria em tudo, mesmo sentindo que não está estudando nem um terço do que devia... A comida já não é mais arroz e carne e sim amido, proteína, glicose, ácido graxo, o ciclo de krebs vem a sua cabeça a cada refeição! Passear de carro já não tem graça se não for pra olhar o painel, ver a que velocidade vamos, e calcular em quanto tempo chegaremos, usando v é igual a delta s sobre delta t. 

Esses dias no rádio estava escrito CH3, por meu pai estar simplesmente ouvindo o canal 3 (Channel 3) e ali só vi um metil... 

A gente começa a perceber uma certa insanidade... A definição de aluno começa a fazer sentido, e ser vestibulando já não tem mais graça... Torce pra que o ano acabe, e de dedos cruzados, que sua luz corra de volta pra você..

Júlia Fagundes 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Cri cri cri

Já pensou como seria a vida sem música ?
Pra começar, os passarinhos seriam mudos. Não haveria o barulho dos carros e muito menos das buzinas. Todo som, dependendo da maneira como é visto, pode ser música. Também perderíamos as horas todas as manhãs, quem nos acordaria?

Morreríamos sufocados pelos pensamentos que não conseguiríamos digerir. Aqueles que a música não explicaria. E não teríamos boa parte dos sentimentos mais belos da vida. A música, pelo menos em mim, desperta lados que nunca imaginei.
E, as vezes, é qualquer música que pode fazer isso. Pode ser aquela que te leve nas nuvens ou até mesmo aquela que te faça mexer o popozão.
 
Música boa não fica velha, não tem gênero ou ritmo espefícico.. Tem poesia e sementes. Sementes pra plantar dentro de cada um nós o que é preciso para que ela se torne responsável por um sentimento. Depois é nosso papel regar e tirar as pragas das plantinha que agora temos dentro de nós.
 
A trilha sonora da minha vida é bem diversificada e gosto de renová-la sempre. Pois cada fase é uma fase, ou melhor, cada fase é uma música. E ainda bem que existem muitas.
 
Carolina Gomes

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Desculpa, foi engano!

Estou sentada na minha cama já faz algum tempo, encarando a parede. Acabou. É isso. Eu e ele já deu o que tinha que dar... Triste fim. Ele nem sequer deixou a parte de mim que estava nele, levou sem nem perguntar se eu queria... Volta aqui que eu quero sim! Quero também o tempo, dinheiro e bateria que gastei com você!Te dou ate meio dia de amanha pra juntar tudo em uma caixa e deixar na minha porta. Não foi tempo perdido, eu aprendi muito. Aliás, tudo na vida acontece por um motivo, e o seu na minha foi me ensinar que babacas as vezes parecem príncipes. Abre o olho menina.. Nem tudo que parece realmente é... Abre o olho e percebe que ele saiu deixando muitas palavras pra trás, e que na verdade mesmo, aquela parte, que você pensa estar nele, nunca saiu de você!

Júlia Fagundes 

domingo, 12 de outubro de 2014

Dia das crianças

Outro dia retornei a uma das poucas escolas que estudei antes de entrar na atual. Fui buscar minhas crianças para a aula de balé e acabei chegando um pouco cedo. Não me contive e dei uma de exploradora. Tudo estava no mesmo lugar. O viveiro de pássaros, a hortinha, o gramado, o parquinho.. Tudo!
 
Fiquei algum tempo apreciando as crianças brincando e senti falta de algumas regalias que nos tínhamos: o parquinho era de terra e a gente podia carregar pneu de um lado pro outro, os usávamos para subir nas coisas. Era incrível.
Passei pela sala de música e nada mudou, os instrumentos continuavam pendurados na parede em uma altura boa para os pequenos. Até que, finalmente, uma das tias virou pra mim e disse: "Você não foi nossa aluna? Carol, né? Como que esta sua mãe?" Fiquei mega feliz. Eu lembrava dela, da tia de música, da minha sala e das coisas que a gente fazia. Me senti uma criança e me deu uma vontade louca de voltar no tempo e poder viver tudo de novo.

Cada vez que entro naquela escola é diferente. Outro dia me levaram na velha e conhecida sala do balé. Sala da minha primeira aula de balé. Juro. Quase chorei quando entrei. E claro, quando fiquei sozinha explorei o lugar. E achei uma coisa que fez meu coração batucar: Um quadro. Com foto de uma turma que eu amava! Mais que de pressa tirei foto e enviei para uma das poucas amiguinhas de lá que ainda tenho contato. Quando entrei na sala tive a clara visão da professora sentada no canto varias pequetitas, inclusive eu, ao seu redor.
 
É a vida passa rápido e quando a gente vai ver já foi. Só nos restam memórias.
 
E a crônica de hoje não podia ser diferente. Tinha que ser sobre todos nós. As crianças. Todos já fomos pequenos um dia, isso é óbvio. Mas todos ainda somos crianças.
 
Em cada um de nós existe uma criança que de vez em quando se manifesta. E esse manifesto é tão bom, mais tão bom...Que as vezes queremos ficar nele, para fugir das responsabilidades de adulto e esquecer das coisas que nos fazem mal.
 
Pra mim, a infância é uma das melhores fases da vida. Não porque as crianças não tem que se preocupar com responsabilidades e coisas a afim (até porque a maioria das meninas tem a responsabilidade de dar comida e trocar a fralda de Juju), mas por que é uma das fases mas sinceras e gostosas da vida.
 
É quando enxergamos o óbvio com outros olhos. Com olhos que vêem coisas que muitas vezes quando adultos não vemos. Acho que boa parte das pessoas que já leram o livro "O pequeno Príncipe" aprenderam isso.
 
E mais, quando se é criança se descobre um mundo novo a cada dia, tudo é novo. As crianças, as vezes, acham que sabem de tudo e quando vão ver tem coisa nova pra aprender. São elas que muitas vezes fazem nossos dias ficarem melhores por nos dar um abraço sincero ou por falarem alguma coisa que, simplesmente, não acreditamos que elas soubessem.
 
Por isso, nunca duvide de uma criança. Ela pode ser pequena, mas muitas vezes sabem e vêem muito mais coisas que os adultos.
 
E já que todos somos crianças:
Feliz dia das crianças!

Carolina Gomes

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Monotonia

E é nesse momento depois de um dia exaustivo, com um nó muito do mal dado no cabelo, olheiras a mostra e olhando pela janela do carro que vejo uma lua maravilhosa. Uma coisa que quero agora, além da minha cama, é uma astronave de papel para pousar em um cometa que me tire a atmosfera terrestre e me leve pra lua. Ou até mesmo ir para o planeta do pequeno príncipe, pra fazer uma das coisas que mais gosto nesse mundo: ver o por do sol.
Por do sol esse que chega rápido aqui e quando eu vou ver já está nascendo de novo. E nada mudou. A não ser a data, ou até mesmo o mês. Toda monotonia continua a mesma. Tem hora que a rotina pesa e não tenho como mudá-la, pelo menos até o ano seguinte.
De repente, não mais que de repente, os planos para o ano seguinte começam a se ajeitar e quando você vai ver nada mudou.
É hora de dar prioridade a minha pessoa e aprender a dizer não. Começar a dizer sim para o que eu realmente quero ter/ser lá na frente.
Por isso vou fazer diferente, vou fazer valer a pena, pra querer voltar no tempo fazer tudo de novo e lembrar que quem escolheu meu futuro fui eu.
Carolina Gomes

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Pra quando você voltar.

Quando você voltar eu estarei te esperando de braços abertos, prometo. Você não foi a princesa dos meus sonhos, muito menos eu fui o príncipe dos seus. Mas acho que chega um momento em que a gente percebe que essa coisa toda não existe. Casais brigam. E a gente brigou. Mas eu te prometo que eu vou estar de braços abertos, por que eu não vejo a hora de te dar um abraço. Eu não vejo a hora de te dizer que te amo bem pertinho de você e de todas essas circunstâncias que nos separam acabarem... Não te prometo casa, comida e roupas lavadas, mas prometo lar pro coração, energia pra alma e espírito limpo. 

Um amor como o nosso tem muito a ser vivido, minha bela. E quando você voltar, eu serei só seu, te prometo. Mulher nenhuma (e não importa o tamanho de sua bunda) vai roubar meu olhar de você. E falando em olhar, saudade dos seus olhos grandes que tanto insistiam em olhar no fundo dos meus. 

O tempo passa, a vida corre, mas nada muda. Eu ainda te quero aqui por perto. E quando você voltar, eu não vou te deixar sair. Você não vai escapar. Seremos eu e você. Eu te carrego no colo se um dia você cair, mas você vai comigo, nem que arrastada.

A vida nos surpreende sempre. E eu te amar assim foi só mais uma surpresa dela... Que coisa engraçada né? Eu que nunca me apeguei, amando assim... Esse é seu efeito, moça... E eu to louco pra senti-lo pertinho de novo... 

E quando você voltar, não importa quando seja, eu largo tudo... Trabalho, mulheres, carreira, dinheiro, canudo... Mas eu estarei aqui. De braços abertos. Eu prometo.

Júlia Fagundes 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Corabraços

Eu amo abraçar. Gosto de abraços de urso, bem demorados. Acho que o abraço é uma das melhores maneiras de demonstrar o carinho. Outra vantagem do abraço é que você não pode tê-lo sozinho. É um dos atos mais recíprocos que existe. É preciso de mais alguém. Alguém que sinta o seu abraço e passe o que sente também.
Um abraço é muito mais que abrir os braços e os enrolar em outra pessoa. Um abraço é passar energia, sentimento...
Como naquela crônica da Martha Medeiros: "O melhor lugar do mundo é dentro de um abraço". É um lugar quente, de muita segurança. Onde parece que nada pode lhe fazer mal dentro dele.
Respeito muito os que sabem abraçar com o coração e não com os braço. Os que sabem que um abraço bom pode mudar o dia ou até uma vida. Podem ser novos laços que surgem, reconciliação, acolhimento, amor...
Mas os que eu acho mais engraçados são os de cumprimento. Como que em fração de segundos duas pessoas se abraçam e tchau? Por isso, faço questão de sempre que posso dar um abraço com o coração nas pessoas que me fazem bem. E quem sabe eles não ficam guardados pra sempre na memória delas. 
Sim, tenho meus abraços preferidos. São aqueles que me passam calma e amor. Geralmente aparecem nos momentos que mais preciso.
Então, que tal dar um abraço em alguém especial agora ?
Guarde este abraço em sua memória e lembre sempre dele com muito carinho.
Vamos lá! Abraços hoje. Abraços amanhã. Abraços sempre.
Carolina Gomes

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Só mais 10 minutos...

Acorda princesa, 7 horas. Ta bom, te dou mais 10 minutos, vou fazer nosso café... Não posso nem chamar de café, você só toma suco e Nescau... O jornal chegou, a inflação subiu, agora já deu, acorda se não vamos nos atrasar pro trabalho... Ta bom, eu deito ai com você um pouco. Como você é dengosa... Enrosca sua perna na minha, e fica acordada pra eu ficar olhando dentro desses seus olhos enormes bem de perto... Lindos.. Linda. Me da um beijo... Não, eu não ligo do mau hálito matinal, só me beija e fica toda lindinha me olhando dai... Vou ter que ligar pro meu chefe e pro seu, não consigo levantar da cama... O café ta na mesa, mas a delícia do dia ta aqui, nesse momento... Tem coisa melhor que ficar olhando pra você, abraçado com você, você deitada no meu peito, nesse seu tamanhinho... Tão frágil... É tão forte ao mesmo tempo... Me beija aqui, rapidinho... Só não me envolve que acaba durando horas, e eu tenho que pelo menos ligar pro meu chefe... Esse seu pijama de bichinho de desenho animado é a coisa mais linda, já te disseram? Te da um ar toda menininha, que logo entra em contraste com essas pernas que saem dele e te deixam tão mulher... Vou ter que ficar por aqui mesmo, não vai ter jeito, olha essa carinha me pedindo pra ficar, como que eu digo não? Deixa eu te trazer o café na cama pelo menos... Que ai comemos juntos... O café no caso... Tem biscoito daquele que você gosta e come a caixa inteira de uma vez, e a migalha cai pelo decote e você fica desesperada tentando tirar... Deixa que eu tiro dessa vez... Vai ser mais divertido... Suco de uva ou laranja? Laranja que é pra melhorar essa imunidade, espera que eu vou fazer fresquinho, pra você tomar antes que a vitamina C se oxide... Fica ai, toda linda, com seu pijaminha, e cabelo preso naquele nó que eu nunca entendi como fica parado sem nada prendendo, que eu fico aqui, te olhando de longe... Mas amanhã a gente vai ter que levantar... Te dou só mais dez minutos ...

Júlia Fagundes 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O certo túnel.



Eis que chega a hora de atravessar o túnel. Os carros não param e as luzes acendem em constante harmonia. Se eu for pega por um carro, não sei pra onde vou, meu caminho vai ser cortado e pode ser que eu não volte pra rota.

Meu objetivo é chegar ao outro lado viva. Vivíssima. Com amor, sabedoria, amigos, livros... Enfim, viva. O sinal fecha, tenho a oportunidade de passar para o outro lado, mas a distância é muito grande e pode ser que eu morra. Decido então atravessar até a mureta que divide as duas vias de dois sentidos diferentes. 

Ufa! Quase que não deu. Passei por cima de alguns carros e me fiz de invisível e atravessei outros. Mas, a travessia não tem graça se não tiver adrenalina. Ou melhor, aprendizado. Se eu pulei esse carro, como vou fazer com o outro?

Tenho que aprender a entrar no carro certo e este vai me levar para o seu destino. O meu destino. Nunca saberei qual é o carro certo, então meu objetivo agora é encontrá-lo e que ele esteja com bastante combustível, pois eu quero ir muito longe.

Carolina Gomes

domingo, 5 de outubro de 2014

Urna eleitoral.

Dia de eleições. Mas de partido já basta meu coração. Te elegi pra presidente, e todas as suas promessas de um governo sem igual foram por água a baixo. Da próxima vez eu voto nulo. "Ah, mas é o seu futuro". Eu vou me arrepender depois se der meu voto pra alguem, de que adianta isso tudo??? Já não se encontram governantes como antes. To esperando o dia em que o ganhador disso aí vá cumprir cada palavra pré eleição. "Eu conheço meu eleitorado". Antes ou depois do poder? Por que parece que depois que conquistam o que querem, acaba tudo... Chega de jogar no partido dos corações quebrados. Na próxima eleição, meu voto é nulo, só vou eleger agora quem fizer por merecer. 

Júlia Fagundes 

sábado, 4 de outubro de 2014

Laços na memória



Sempre ouvi todo mundo falar que poucos amigos são pra vida toda, que muitos se perdem no meio do caminho. Pra mim os verdadeiros ficam. E os verdadeiros são aqueles que marcaram de alguma forma nossas vidas. Não importa se são da nossa idade ou não.
Amizade é uma palavra que está ligada a reciprocidade. Claro! Se não for pra ser dos dois lados não tem base, não tem na sustentação. E é melhor ter uma amizade por um fio, do que com uma base sólida. O fio é de aço, ele pode balançar e não se rompe. Já a base sólida no primeiro impacto pode apresentar rachaduras ou até mesmo quebrar.
Bom é lembrar-se de tudo o que vivemos. Mas afinal, de que é feita a memória? - É feita dos bons e ruins momentos de nossas vidas. Feita de tudo que marcou que fez a diferença, que é bom pra alma. A memória é feita de purpurina.
Eu peço que minha memória seja boa para lembrar-se de tudo que me fez bem, que me fez feliz. E que também esqueça os momentos de dor e tristeza em que já aprendemos o que tinha que ser ensinado.
Por isso, lembre-se sempre dos que marcaram sua vida. Que estiveram com você em todos os momentos e daqueles que te ensinaram o que eles têm de melhor. O tempo passa. As coisas mudam. Os caminhos se cruzam e descruzam. Mas os laços ficam.

Carolina Gomes