domingo, 29 de março de 2015

Alguém apaixonado por mim? Onde?

Eu passei toda minha pré adolescencia sendo aquela adolescente em crise. Até os 14, eu era estranha. Sempre fui gordinha (bem gordinha mesmo) e meio sem noçao. E na época que todas as minhas amigas ja estavam com os menininhos, dando beijinhos por ai, la estava eu, sem ninguém. Um dos primeiros garotos que gostou de mim, deixou de gostar tao rapido que quando eu processei a ideia, ele ja nao me queria mais. 

Foi so aos meus 14 anos, que ao ver minha festa dos 15 na minha cara, dando beijinho no meu nariz, que eu resolvi emagrecer. Isso depois de receber um telefonema bem maldoso de um amigo de um menino que eu gostava, perguntando se eu era a gordinha da qual ele falava. Pronto, resolvi emagrecer de vez. Cortei tudo possivel da vida que pudesse engordar, e pronto, em uns 5 meses, foram 11 quilos. Me senti bem melhor pra procurar o vestido da festa. E ao emagrecer e tomar um estalo, dei uma guinada na vida. 

Ganhei auto confiança suficiente pra ser quem eu era na frente de todo mundo, sem vergonha. Mudei de escola, e finalmente senti olhares que nao fossem de meninos desagradaveis ou de meninos inconstantes como o que citei. E quando algum garoto chegou a gostar de verdade de mim, eu estranhei tanto que toda hora me pegava pensando:"caramba, o que sera que ele ve em mim? Por que ele quer estar comigo?" Até hoje esse tipo de pensamento vem a minha mente... Como pode alguém me querer? Eu, mera bobinha, nem de mulher posso me chamar ainda, e to aqui, com um cara legal dizendo que gosta de mim. Depois de tanto pensar, acho que a minha mente nao sabe assimilar esse tipo de coisa. 

Mas no fim eu sei muito bem que todo mundo merece ser amado, que pra todo sapato velho existe um pé descalço. E que eu talvez tenha demorado a perceber que algo em mim poderia encantar alguém, mas que todo mundo sabe ser encantador a sua maneira! Ganhar a minha auto confiança foi importante pra olhar pra tras e ver que quando a minha vida mudou, eu nao mudei junto, simplesmente me senti capaz de mostrar quem eu era. 

Hoje em dia ainda me choco quando acontece de alguém me dizer "sou apaixonado por voce."  Minha mente ainda trabalha pra pensar "como assim??", mas no auge dos 18, e apaixonada que so, percebe que pra todo mundo existe amor, e pra todo mundo existe encanto, basta saber olhar.

Julia Fagundes

quinta-feira, 26 de março de 2015

Alguém

Encontrei alguém que ama cada batida do meu coração
Que olha fundo nos olhos 
E vê que a pupila realmente dilata quando estamos juntos

Encontrei alguém que voou
Pra onde eu queria estar 
E vou estar daqui a um tempo

Encontrei alguém que com os mesmos objetivos que eu
Se encantou com o nosso jeito extrovertido de levar a vida.

A melhor coisa que já aconteceu pode estar ali 
E simplesmente não estar.
Mas tudo bem, também
Eu já entendi que eu sempre vou te amar.

Carolina Gomes

sábado, 21 de março de 2015

Um ensaio sobre a sua leveza.

Eu sabia que isso ia acontecer. 
Que eu ia chegar, 
e meu sono ia sumir, 
minha cabeça enlouquecer. 

Você me desmanchou toda. 
Da cabeça aos pés. 
E sem minha permissão! 
Com sua leveza espetacular, 
me deixou boquiaberta, 
ao desvendar meu estado são.
Você foi tão leve e simples, 
em um mundo tão pesado e complicado 
que eu achei que era brincadeira do destino
ter te ganhado. 

Já tínhamos chegado ao fim do semestre
e depois de receber até diploma, 
só faltava um teste: 
até onde sua leveza me ganhava? 

Chega a ser tosco
o quanto aquilo me atordoava, 
eu bailava, 
entre a vontade de ir 
e o medo de não voltar. 

Não sabia o quão funda sua lagoa seria, 
até bater os pés e perceber que ela ia afundando aos poucos, 
com possibilidade de volta... 

Você era tão leve, 
que ficava ali quem queria, 
e ainda assim, a maioria se afogava 
e não voltava mais. 
Ê lagoa hipnotizante...
Eu não me apaixonava cegamente. 
Me apaixonava as claras. 
Por que sua leveza permitia 
que eu percebesse o quão fundo eu ia 
e quão fundo eu queria ir. 

Eu ia longe. 
De olhos abertos mesmo. 
Você, 
com a paz e tranquilidade de um monge, 
me fazendo mais feliz 
do que eu já tinha imaginado que conseguiria. 

Parabéns. 
Esse é um ensaio sobre a sua leveza. 
E sobre como me apaixonei por ela. 
E por você.

Julia Fagundes

quinta-feira, 19 de março de 2015

Vendedora de biscoitos

Depois que comecei a estudar a noite minha vida mudou, novas amizades vieram e junto novos conhecimentos. 
Era mais uma noite de aulas chatas e cansativas, mas uma coisa fez ela ficar diferente. Ao chegar na escola avistei uma vendedora de biscoitos e sua filha. A mesa não tinha mais que 50 saquinhos, mas tinha mais de 6 sabores diferentes.
Decidida a comprar um saquinho para ajudá-las, me aproximei da mesa. Estando meio atrasada e desorganizada, não achava o dinheiro de jeito nenhum. Ela então decide me deixar levar o biscoito pra pagar depois. Recusei. Tinha certeza que tinha o dinheiro, mas precisava de um pouco de calma para procurá-lo . Não nos conhecíamos, não quis deixá-la angustiada, mas vi seu desespero pra juntar algum dinheiro.
Fui para sala. No caminho achei o dinheiro e encontrei com uma amiga, Ana. Voltamos. 
Nos aproximamos da mesa para entender os sabores. Logo de cara fomos recebidas por um sorriso. Um sorriso sincero e bonito acompanhado de um brilho nos olhos. Nos apresentou seus maravilhosos biscoitos e desandou a falar. 
Apreciei a facilidade com que aquela senhorinha tinha de contar as lindas histórias de sua vida. Contando como subiu, desceu e está subindo de novo. 
Contou, ainda, que já trabalhou com tudo nessa vida, que agora trabalhava para sustentar sua casa. Desde então passávamos todos os dias para dar um boa noite e bater um papinho. 
Um dia descobrimos que ela ia trabalhar oito da manhã e ficava até dez da noite com apenas dois cafézinhos e um açaí no estômago. Chiamos. Não tinha cabimento uma pessoa ficar o dia todo sem comer, e mais.. Doente. Mais que de pressa abri minha bolsa e a dei uma maçã que tinha comprado pela manhã. Ela olhou, apreciou, alisou e falou que não ia comer tudo pois ia deixar pra filha. Fizemos ela comer tudo. E em seguida ela agradeceu com uma cara de quem estava mesmo com fome.
Na mesma noite, como levamos lanche de casa, decidimos passar a pegar janta pra ela. No primeiro dia que levamos a filha nos recebeu com um sorriso imenso seguindo de: "Ai graças a Deus, eu estava morrendo de fome". E a partir daí elas passaram a ir embora já jantadas. 
As semanas iam passando e os biscoitos iam ficando mais populares e as pessoas pediam que ela levasse outras coisas para vender. E assim ela fez, ampliou seu cardápio. Ela é prova viva que podemos viver com pouco e acima de tudo, sermos felizes. 
Ajudá-la nos fazia tão bem, que tínhamos necessidade de fazer aquilo.
Ela me mostrou com podemos recomeçar das mais distintas maneiras e se nós estivermos lá em baixo, no fundo do poço, sempre vai ter uma estrelinha que vai brilhar a nosso favor. A luz no fim do túnel pode parecer, de princípio, apenas uma vela, mas com certeza, quanto mais nos aproximamos dela vemos que é um holofote. 
Infelizmente semanas antes da virada do ano não nos encontramos mais. Rezo para que sejam só umas férias! 

Carolina Gomes