domingo, 16 de novembro de 2014

Doce menininha

"Tia, adoro o carinho que você faz na gente!" - Maria Júlia, 5 anos. Definitivamente, foi a melhor coisa que ouvi no meu dia. Uma criança tão doce, tão sapeca, que em tão pouco tempo me ensinou tanto. Me ensinou a ter paciência e saber ceder quando preciso. E que às vezes somos crianças, mas sabemos a hora de sermos adultos. 
"- Maria Júlia, ajuda a tia? Fica quietinha na aula! Você é muito sapeca." Foi o que falei no final de uma aula, num dia desses ai. E pra minha surpresa, a resposta: "- Mas tia, EU GOSTO DE SER SAPECA." Me deu um beijo e foi brincar. Fiquei rindo com a mãe dela. 
Pensando em como aquela menininha sabia das coisas mesmo sem saber. 
Se levarmos tudo a sério não vivemos. As vezes precisamos quebrar um protocolo ou outro pra fazer o certo, dar risada e se sentir mais leve. 
Nas últimas aulas ela tem reclamado de sono, pois está ensaiando para as apresentações de final de ano. Vira e mexe ela pede pra ficar no meu lado e quando eu vou ver ela está deitada dormindo. E assim minhas aulas ficam calmas.
Criança cansa, igual adulto. Mas quando elas voltam... Segura o mundo pra ele não cair.

Carolina Gomes

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Adnet trai Calabresa!!!

Isso não é mais uma manchete com fotos e dedos apontados. Isso é uma mão tirando a arma que está apontada pra vida alheia. A gente costuma julgar muito aquilo que nunca passou. Eu sempre fui a primeira a chamar de otárias aquelas mulheres que perdoavam traições. Cheguei a dizer isso pra uma amiga que havia perdoado seu namorado, e ouvi dela "Um dia você vai entender que quando a gente gosta da pessoa, não existe nada que fique no caminho." Achei bonito, mas uma verdade pouco plausível. Hoje, depois de um bom tempo que isso se passou, eu fui pedir desculpas a ela por ter achado aquilo tão absurdo. Eu nunca fui traída. Não no sentido que isso tem pra um casal. Mas eu já me senti traída. Sem beijos em outra, sem abraços naquela menina que eu não gosto. Nunca me aconteceu assim. Mas as pessoas erram com a gente de mil maneiras diferentes. E há milhares de formas de traição. O dia que eu notei que a minha então colega estava correta, me caiu a ficha. Estamos todos apontando os dedos à Daniela.
Mas primeiramente que não cabe a nós julgar o que ela faz da vida dela, até por que ninguém sabe direito o que se passa quando estão longe das câmeras. Segundo, o fato de as pessoas acharem um absurdo ela ter aparentemente perdoado, me deixa com pena. Mas não pena dela. Ela foi extremamente forte e correta. (lembrando que não estou usando minha opinião como verdade absoluta, são apenas opiniões.) Ela me mostrou o que eu já havia descoberto de experiências passadas. Ninguém é perfeito. E quando a gente erra, a gente quer perdão, suplica insanamente, de joelhos. E quer que o outro entenda. Mas se é o oposto, crucificamos e jogamos pedras naquele que cometeu um erro. Mas de novo digo, errados somos nós, aqui julgando! Todo mundo merece uma segunda chance. E até onde se aguenta pelo coração, vale a pena lutar. Quando a gente sente que gosta, que quer estar perto independente de tudo, não há nada que entre no caminho. 

Isso não é uma opinião sobre traição. Até por que ninguém no mundo vai me convencer de que é o certo. (Mas existem relacionamentos e relacionamentos.) Isso é minha opinião sobre o perdão. Isso não é um grito para que as mulheres escancarem seus relacionamentos e façam deles uma relação de liberdade total, mas um grito para que enxerguem que quando há sentimento, a gente pula qualquer pedra. 

Não sei o que será da calabresa e do adnet, mas se isso em nada muda minha vida, também não quero saber. É como disse ela no cqc, "pronto perfeitinhas e santos canonizados, já podem largar as pedras"

Júlia Fagundes 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Tempo novo

Me pego deitada sozinha no meu quarto. TV desligada apenas o barulho do ventilador girando. Uma música que muito gosto começa a tocar bem baixinho, como se fosse uma novela, uma verdadeira trilha sonora. Não sei dá onde veio e nem quem ligou. Deve ser o rádio que deixei ligado mais cedo sem sinal.
Minha cabeça começa a trabalhar e meus pensamentos tem vontade de pular pra fora. E ao invés que gritar uma lágrima escorre pelo meu olho esquerdo. 
Penso que não tenho mais o que fazer a não ser abandonar tudo, desistir e jogar tudo pro alto igual confete. A exaustão é tanta que nem que pra dormir eu tenho energia.
De novo a dúvida e angústia chegam e me tiram do meu estado de equilíbrio. Não só a dúvida do que fazer, mas também se vou conseguir fazer. 
Pode ser que tenha volta. Tem certos obstáculos que a vida nos apresenta que eram pra ser como cones, mas nós insistimos em construir um muro sobre eles. Até que a bomba estoure esse muro, eu vou escalando-o e espero que lá em cima eu encontre um pôr-do-sol marcando o início de um tempo novo. Carolina Gomes

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Escuta(r)

Escritora, doida atrás de uma história nova pra contar e refletir, tive que começar aprender a ouvir, e ouvir muito!
Rubem Alves dizia que nunca viu um curso de escutatória, só de oratória. Nem eu, então criei um. 
No meu curso de escutatória sou aluna e professora e ele não tem prazo para acabar. É um dos cursos mais difíceis que já fiz e com provas de resistência dificílimas. Resistência a ficar quieta quando devo e apenas escutar, aprender a hora de falar e o que falar.
Escutar é mais importante que falar, faz pensar, e pra colocar pra fora temos várias maneiras. Seja com a voz ou com as palavras.
Muitas vezes não conseguimos ouvir quem está mais próximo de nós: o coração. Nem o cérebro, a consciência... E erramos. Erramos feio, por não ter paciência pra ouvir o que outro tem a dizer. 
Na vida, aprendemos a andar, a falar, a escrever.. Menos a escutar. Isso quase ninguém pode nos ensinar. Depende de nós mesmos. É um exercício diário, quase uma respiração. 
Depois de escutar, o próximo passo é filtrar. Tirar todas as impurezas para que somente aquilo que é bom e necessário entre, e o que ficou preso na peneira deixe ali por um tempo, pode ser que você precise deles em outro momento.
Por isso, comece a ouvir agora e quando estiver sozinho escute você mesmo, pois é a este quem confiamos todos os nossos segredos.

Carolina Gomes

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Constituição moral.

O mundo está cheio de juízes, batendo martelinho pras pessoas em volta. "Aquela ali é puta, pegou 3 só esse mês." "Ah, mas se o homem pega 3, ele é garanhão!" "Que feio, ela sendo santinha!" A verdade é: feio mesmo somos nós, aqui julgando. Quem é que deu autoridade à essas pessoas de dizer quem está certo e quem está errado? A vida alheia não diz respeito à nós! 

Já diziam "você tem que ser no mínimo deus pra me julgar". E é mais ou menos isso. 

Ninguém tem obrigação de ter pessoas que não gosta por perto. Claro que algumas circunstâncias envolvem convivência, mas fora de âmbitos de trabalho e estudo, quem escolhe somos nós. Ao invés de julgar, por que não manter aquelas pessoas que vivem fora de sua visão de mundo longe? É tão mais simples... Não existe certo ou errado, não existe um código de ética da festa, como se portar na vida. Na constituição não consta com quantos caras você deve ficar. Não existe certo e errado quando se trata de viver. Existe como você vive e como os outros vivem. E cabe a você viver a sua vida, e parar de querer cuidar da alheia. Afaste aqueles que não condizem com sua realidade e deixe que vivam como quiserem, quem arca com consequências são eles, não você. Não te importa de nada. Não faz a mínima diferença na sua vida. E gente que não soma, eventualmente deveria sumir.

Júlia Fagundes 

domingo, 2 de novembro de 2014

Tempestade 2

E do nada o tempo fecha 
Fica tudo escuro
As nuvens cobrem o céu 
Meu rosto
E meu coração

Meu estômago embrulha
Acho que vou vomitar
Quero botar tudo pra fora
Mas não pode ser em qualquer lugar
Em qualquer ombro

Escolho um papel
Uso a caneta
E depois a cabeça 

O dia amanhece
Claro, céu limpo
Os pássaros voam 
E cantam

Meu sorriso brilha
Junto de meus olhos
Até que uma pequena nuvem (re)surge
E eu desligo o modo "repeat".

Carolina Gomes