quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Uma mulher dessas.

Ela repousa em minha cama serena. Faz uma hora que acordei e estou deitado encarando o quão linda ela fica dormindo. Respira tão fundo, que parece até que vai me deixar sem ar. E deixa. Mas não pela inspiração além do normal. 

Sua doçura me cativa até de olhos fechados. E acredite se quiser, eu a amo. Eu sou um sortudo mesmo... Aquele cara que a deixou, não sabia o que estava perdendo... Ou sabia, só faltava perceber que ele era sim substituível. E aqui estou eu, te substituindo, meu camarada. 

Agora eu a olho dormir. Não você. Agora eu rio do tom da risadinha dela, que de tão doce e linda me soa melódica. Tenho certeza que você nunca percebeu que ela tem preguiça de usar a faca ao comer. Eu percebi, cara... Sei que nunca reparou como ela não consegue ficar sentada completamente reta por muito tempo... Postura de velha... Eu sei de muita coisa que você não sabe. E ela nem precisou me dizer. Aqui, olhando ela repousar, eu consigo perceber mil detalhes que sei que seus olhos não alcançam... Como o jeito com que ela abraça a coberta pra dormir, ou como seu cabelo fica claro na luz do sol. Ela é linda, cara... Você só não percebeu, e ela foi embora. Ainda bem que nos achamos no caminho. 

Todo dia, quando ela acorda, eu escolho duas características novas que percebi nela pra dizer que amo. E ela sorri, feliz. To escolhendo as de hoje. Depois volto aqui pra te contar mais sobre como você conseguiu ser otário a ponto de deixar uma mulher dessa, que acende estrelas com sorrisos, e corações com olhares.

Júlia Fagundes