sábado, 16 de agosto de 2014

Portão de entrada.

Caramba, eu to indo embora. Eu sei que resolvi te deixar e ir viver minha vida, mas a teoria é bem mais fácil que a prática. Ou seja, dizer que vou te deixar é bem mais fácil que é entrar nesse avião e realmente o fazer. 

Fica aí, to indo morar em iowa e fico lá por um bom tempo. De uma cidade pequena pra outra. Que apego com pequenez. Peguei isso de você, até por que, já viu meu tamanho? Você sempre gostou do quão pequena eu sou. A sua, só sua, pequena. 

E agora eu to indo. Na minha mala tem algumas das milhares de fotos que tiramos. Era tanta foto que parecia que nós conhecíamos desde pequenos. A gente até se conhecia desde novinho, mas as fotos são todas de agora. 

Tudo bem. Última chamada para iowa. Hora de ir de vez. Meus pais me olham da porta do aeroporto e de longe você ta ali vendo e eu também te vi. Meus pais não chegam a perceber o segundo longo que passamos nos olhando nos olhos. Pra eles, um segundo, para nós, um dia inteiro. 

Eu to mesmo fazendo isso. Te dizendo tchau. Não um até logo. Um tchau. Um adeus. Um te vejo em outra vida. E vejo mesmo.

Júlia Fagundes