domingo, 26 de abril de 2015

Simplesmente acontece

Quando eu o conheci, eu namorava. Posso até dizer que só eu namorava, meu namorado não. 
Eu estava mergulhada em desespero com os estudos, apavorada com tudo que estava por vir. 
Ele, moleque que só, veio devagar chegando perto, se tornando um amigo incondicional. 
Me dando abraços em momentos onde meu namoro fraquejava e eu já não aguentava mais. No dia que terminei tudo, fui contar pra ele. E em um momento fraquejei querendo voltar, e ouvi a frase "não faz isso, ele te deixa triste, e eu gosto de ver seu sorriso." Depois daquilo não fui capaz de voltar nunca mais. 
E se tratando daquele namoro, era extraordinário que isso acontecesse, já que era feito de indas e vindas.
Quando eu o conheci, eu já era tão magoada, que já tinha desistido de encontrar alguém por um bom tempo.
Aquele ano seria meu, eu e eu mesma. Acabou por ser eu, eu mesma, e os carinhos dele, o apoio dele, e tudo que eu precisava. Eu, e ele. 
Quando eu o conheci, já desacreditava em achar alguém que aprendesse a lidar com meus amigos meninos, com meu jeito expansivo, e com minha espontaneidade. 
Quando eu o conheci, eu amava química, e odiava física.

...

Hoje, alguns longos meses depois, eu namoro. 
Com ele. 
Eu continuo mergulhada em estudos, mas sem desespero, por que ele me ensinou a colocar o chão no pé de volta.
Ele, moleque que só, roubou meu coração em cheio, e veio devagar se tornando o melhor amigo, e mostrando ser o melhor namorado. 
Nosso namoro não fraqueja, não ameaça quebrar. Os longos meses construíram base tão sólida que a estrutura nem sequer balança. 
O meu sorriso se tornou constante, como ele sempre disse gostar. 
Quando notei o quanto ele me fazia bem, olhei pra trás sorrindo, por não ter realmente desistido de encontrar alguém certo pra mim. 
Ele era o cara. 
Hoje, olhando pra trás e notando o ano que passei depois que o conheci, reparei em câmera lenta todos os sorrisos.
Reparei o quanto ele era sempre presente quando eles ocorriam. 
O quanto eu fazia de tudo pra assistir à aula deitada em seu ombro, o quanto fazia a diferença dar um abraço e beijo de bom dia nele. 
Hoje, eu conheci alguém que apoia minha espontaneidade, meu jeito expansivo, e minhas amizades. 
Encontrei aquilo que já tinha desistido de achar quando o conheci. 
E quando eu o conheci, eu amava química, e odiava física. 
Mas hoje eu percebi, que quando a química existe, não adianta relutar, a física simplesmente acontece.

Júlia Fagundes